• Estudos mostram perda de peso sustentada em pacientes que usaram semaglutida

    Pouco mais da metade dos pacientes com sobrepeso e obesidade, mas sem diabetes, reduziu ao menos uma categoria no índice de massa corporal (IMC) dois anos após o início do tratamento com semaglutida, substância ativa de medicamentos como ozempic e wegovy. Em quatro anos, a média da perda de peso corporal foi de 10,2%, com redução de 7,7cm de cintura, comparado ao grupo placebo (1,5% e 1,3cm, respectivamente). Dois estudos apresentados no Congresso Europeu de Obesidade, em Veneza, na Itália, também mostram um risco 20% de morte por doenças cardiovasculares e eventos como infarto e acidente vascular cerebral em 36 meses.

    Os estudos acompanharam 17 mil adultos com sobrepeso (IMC 25 a 29,9kg/m²) por quatro anos, com medições periódicas da perda de peso, além de avaliação da saúde cardiovascular. Todas essas pessoas já haviam sofrido um episódio de infarto, derrame e/ou tinham doença arterial periférica. Os participantes foram divididos aleatoriamente em grupo de tratamento e placebo, para comparação.

    Em 104 semanas, 52% pacientes do primeiro grupo fizeram a transição para uma categoria de IMC mais baixa. Entre os do placebo, o percentual foi 16%. A proporção de participantes com obesidade, por exemplo, caiu de 71% para 43% entre os usuários da semaglutida e de 72% para 68% entre as pessoas que não receberam a intervenção medicamentosa. O peso saudável foi atingido por 12% dos adultos tratados, comparado a 1,2% no controle.

    Segundo os pesquisadores, a perda de peso foi alcançada por homens e mulheres de todas as etnias, idades e tamanhos corporais estudados. A taxa de efeitos colaterais foi considerada baixa, e os mais comuns eram eventos gastrointestinais.

    Hormônio

    A endocrinologista Alessandra Rascovski, de São Paulo, explica que, originalmente, as “canetas emagrecedoras” foram desenvolvidas para combater diabetes e passaram a ser usadas off label (indicação diferente daquela da bula) para obesidade, sem mostrar prejuízos à saúde. Hoje, já existem medicamentos do tipo específicos para a condição, inclusive aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Em geral, as canetas agem simulando a ação do GLP-1, hormônio produzido no intestino que regula a glicemia, diminui a fome e aumenta a saciedade”, explica a especialista.

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